4.7.12

A.D. Valecambrense, os últimos capítulos?

A Assembleia Geral do Valecambrense, realizada ontem, voltou a adiar a eleição dos novos Corpos Gerentes para a continuação da reunião, marcada para o próximo dia 10 de Julho.

O impasse diretivo mantem-se e o tempo começa a escapar para preparar a nova época, tanto mais que um dado novo foi trazido para esta assembleia – a Câmara Municipal de Vale de Cambra não garante qualquer subsídio para a coletividade na próxima época. Desta forma, será muito complicado encontrar alguém, nos dias que correm, com capacidade para assumir a presidência do Clube.

Face a este cenário, na reunião de ontem falou-se muito em fim da equipa sénior e fim da A.D. Valecambrense

Será que uma cidade como Vale de Cambra não tem capacidade para ter um clube de futebol a disputar um campeonato distrital?

Quando as prioridades se encontram em requalificações de ruas de interesses pouco públicos ou em “buracos” de estacionamento é normal que se esqueçam as pessoas e estas acabam por quebrar os laços com a sua terra. Os censos provam isso: 2001 - 24 805 habitantes; 2011 - 22 864 habitantes.

Será que um Clube prestes a comemorar 50 anos e com uma dívida de 15 mil euros (muito pouco quando comparado com a esmagadora maioria dos clubes) não é digno de mais interesse dos valecambrenses?

Se a mensagem que passa é a de um concelho em evolução, em muitos aspetos estamos a regredir… vejamos um excerto do Jornal de Cambra de 25 de Novembro de 1947:

«Morreu o futebol em Vale de Cambra? Por falta de directores? Não! Porque, embora parte deles o tenham levado ao caos, só com o interesse nas respectivas borlas, nas deslocações, pois para isso nunca falta nenhum e para os jogos em casa ninguém aparece, porque têm todos muito que fazer.
Em contrapartida passaram por lá homens inteligentes, que, apesar de fazerem todos os esforços possíveis, acabaram por ser vencidos, mas com honra.
Não cito nomes para evitar melindres, aliás, teria muito que dizer.
Será por falta de jogadores?
Também não, porque desde sempre Vale de Cambra foi um viveiro deles, desde António Batista que revelou excelentes qualidades durante 5 anos no F. C. Porto, a Vítor Batista que presentemente no Benfica tem mostrado qualidades invulgares.
Então qual será o motivo?
Por falta do dinheiro dos Cambrenses, esse vil metal, sem o qual nada se pode fazer.
O Clube é pobre; mas porque se não abrem cotizações desde 20$00 a
100$00?
Se todo o nosso comércio e indústria contribuíssem, poderíamos arranjar uma verba suficiente.
Se o futebol acabar, onde passaremos nós os Domingos?
O que discutiremos, em cafés, em "rinks" e no cinema?
Acordai, Cambrenses; não deixeis o futebol morrer; salvai-o, enquanto é tempo!»

O que se seguiu foi o fim da A.D. Valecambrense, refundada em 1 de Dezembro de 1962.

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